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31 agosto 2010

Rir com quem ri... chorar com quem chora


Por Leonardo Gonçalves

Sábado Carlos casou. Não oficiei a cerimonia, mas foi quase isso. "Preguei" na boda, e me alegrei com eles.

Ontem Elias morreu. Ele tinha dois anos; a mesma idade do Ravi. Os pais dele tem a mesma idade que eu e Jonara. Estive com eles ontem e hoje, e acabo de chegar do cemiterio, onde preguei o sermão mais difícil da minha vida.

Tentei não chorar, mas lembrei da exortação biblica para se alegrar com quem se alegra e chorar com quem chora. Havia aprendido que o oficiante não deve se emocionar ou chorar, mas pensei que se fosse comigo, eu gostaria muito que meu pastor chorasse tambem, demonstrando se importar com a minha dor. Se Jesus chorou diante do túmulo de Lázaro, por que razão eu não tenho direito de me comover pela morte de Elias? Não, eu não sou "mais homem" que Jesus, por isso permiti que as lgrimas rolassem por um momento.

Ontem, 30 de agosto, completou um ano que meu avô morreu. Não pude estar lá para confortar meu pai, mas hoje confortei alguém que até bem pouco tempo atrás não conhecia.

Uma vez alguém me perguntou o que é ser pastor. Na época, não soube responder. Se hoje me fizessem a mesma pergunta, eu diria que é "rir com quem ri e chorar com quem chora", o que síntese, é bem mais simples do que me ensinaram no seminário. Mas, ao mesmo tempo é tão complicado!

Que Deus ajude os pais do pequeno Elias. E que ele me ajude também.
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28 agosto 2010

Edir Macedo defende ABORTO como forma de planejamento familiar



Por Leonardo Gonçalves

Assista o vídeo abaixo e veja a declaraçao do bispo da seita Universal:



Segundo o poeta bíblico, é Deus que tece o ser humano no ventre materno (Sl 139.13-16). Quem ousará interromper sua obra? A razão bíblica defende a vida em todas as suas formas e fases. Se nossa civilização acorda para a questão ambiental e esforços são feitos para a defesa de peixes, animais e florestas em extinção, quanto mais a espécie humana merece igual dignidade e proteção! Que loucura é esta, reduzir o humano a um mero aglomerado de células sujeito ao capricho humoral de alguém? [1]

Todo ser humano tem o direito a vida. Esse direito é garantido pela Constituição Federal em seu artigo 5º, e também por tratados e acordos internacionais, entre eles o Pacto de São José da Costa Rica, assinado também pelo Brasil, que em seu artigo 4º, reza que “toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente”. Concepção é, biologicamente, aquele momento em que um espermatozóide penetra no óvulo gerando vida, e não apenas o momento do nascimento.

Aqueles que se posicionam à favor do aborto costumam dizer que a mulher tem direito sobre o seu próprio corpo. Há algum tempo atrás havia uma propaganda pró-aborto na emissora de Edir Macedo, na qual uma jovem falava acerca dos seus direitos constitucionais (trabalho e voto, entre outros) enquanto reclamava do suposto direito sobre o seu próprio corpo que lhe fora vedado, referindo-se ao poder de decidir abortar ou não. Ora, se considerarmos a criança no ventre não como uma pessoa individual, mas como um mero apêndice ou um tecido desnecessário, então esse argumento à favor do aborto será convincente. Mas, se consideramos a criança não-nascida como uma pessoa, então esse argumento se converte em um apelo emocional sem nenhuma base racional.

Mesmo quando a sociedade nos pressiona, trazendo à tona e com mais força as discussões acerca do aborto, nós cristãos devemos permanecer alicerçados nos pressupostos sagrados endossados pelo Criador e Dono de toda vida. Ora, se até a ciência genética tem declarado que a vida começa no instante da concepção e que todas as características de um ser humano individual estão presentes no feto, que razão temos nós, além das nossas próprias emoções afloradas, para justificar o aborto, qualquer que seja o caso?

Por tudo isso, é com grande pesar e indignação que recebo a declaração do bispo da IURD. Ao defender o aborto como forma de planejamento familiar, Macedo coloca a prática no mesmo nível do uso de preservativo ou da pílula anticoncepcional. Este é, em realidade, o argumento mais horrendo e cruel que já ouvi. Já vi pessoas defenderem o aborto em caso de estupro e em casos em que a gestação oferece risco para a mãe, como no caso da menina violada pelo padrasto em 2009, mas nunca ouvi, nem mesmo da boca de um incrédulo ateu, uma defesa que tivesse como base o planejamento e controle de natalidade.

Após este episódio, Edir Macedo acaba de ser promovido. Ele já não é simplesmente um falso profeta, mas também um inimigo da vida e tudo o que ela representa.



***
Nota:

1. O que Edir Macedo diz e o que a Bíblia diz sobre o aborto? [disponível aqui]
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24 agosto 2010

Uma parábola calvinista


Suponha que vocês estão em uma prisão condenados eternamente pelos seus atos e transgressões e não há ninguém que queira pagar a fiança.

Então aparece um Homem e diz: Quero pagar a fiança destes homens!
O delegado pergunta: De todos eles?

O Homem diz: Não! Só daqueles três homens ali no canto.
Delegado: Então você não pode pagar por todos?
Homem: Posso pagar por todos, mas só quero estes.
Delegado: E vai condenar os outros a prisão eterna?
Homem: Eles apenas receberão o pagamento pelo seu pecado.
Delegado: Você é injusto!
Homem: Injusto, eu? Só haveria justiça se salvasse a todos? Não os coloquei ai, eles que se colocaram neste estado, disse que se me desobedecessem iriam parar na prisão, mas deram ouvidos a um mentiroso que andava na fazenda e me desobedeceram. Deixando-os ai mostro minha justiça, pois pagarão pelos próprios atos, e com estes três mostro minha misericórdia, pois os livrarei do cárcere.
Delegado: Mas porque só estes três?
Homem: Porque eu os quero, escolhi para mim, construi uma nova fazenda e quero levá-los comigo.
Delegado: Mas estes pecaram como os outros, o que eles fizeram para merecer isto?
Homem: Nada! Decerto que merecem a prisão, mas o que tem você se eu que sou misericordioso quero levá-los.
Delegado: Se fosse misericordioso levaria todos, não?
Homem: Não! Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia.
Delegado: Mas o preço é alto e até hoje ninguém pôde pagar.
Homem: Eu pago com minha vida.
Delegado: Ok! Vou tirar os três.
Homem: Não! As chaves da prisão são minhas, tiro quem eu quiser. E em verdade te digo que os que eu escolher Jamais voltarão à prisão, pois o valor está quitado.

O Homem então chega à cela, abre e tira três homens que já havia escolhido. Então um dos que ficaram pega em seu braço e diz: Senhor! Senhor! Em tua fazenda trabalhamos e fizemos o que disseste e agora nos deixa na prisão? Então o Homem fala:

Apartai-vos de mim praticantes de iniqüidade, nunca vos conheci. Estão ai pelos seus atos não pelos meus.”



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À todos aqueles que ainda afirmam a Soberania de Deus nestes dias de cristianismo antropocêntrico.
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18 agosto 2010

A vida é erva: A vaidade do que se tem e a fragilidade do que se é



Por Leonardo Gonçalves

Anteontem passamos um bocado de susto. Já estava deitado quando Jonara e eu escutamos um barulho que até parecia uma orquestra de vuvuzelas. Olhei para a TV e vi que estava balançando. A cama tremia com força, mas eu não queria aceitar o que estava acontecendo. Fiquei sem ação, me distraí, mas fui desperto quando Jonara gritou: “terremoto!” Sai correndo, procurando a chave para abrir a porta, seguido por Jonara e Ravi. Os vizinhos já estavam na rua quando consegui sair da casa, e o chão ainda tremia. Felizmente, não foi nada grave: apenas 5,5 na escala Richter, com epicentro em Olmos, a alguns quilômetros daqui. Porém, as pessoas andam preocupadas, pois com este já vão cinco pequenos sismos consecutivos (12, 13, 14, 15 e 16 de agosto).

Moramos na mesma rua ha algum tempo, e não conhecia alguns dos meus vizinhos. Com outros, jamais havíamos trocado palavras, e nem mesmo eles conversavam entre si, mas naquela noite todos conversávamos como se fossemos velhos amigos. O sofrimento une. Já a prosperidade as vezes separa. É nas tragédias da vida que percebemos que somos todos iguais: O que acontece com o rico, acontece igualmente com o pobre.

Voltamos para casa. Jonara e Ravi dormiram logo, mas eu fiquei acordado pensando acerca da vida, perguntando a mim mesmo: “E se tivesse sido mais forte?”. Sim, e se tivesse sido um terremoto intenso? E se a casa desabasse em cima da gente? E se a gente perdesse tudo? (que é o pouco que temos). Em todo tempo ecoava em minha mente as palavras do sábio Salomão: “Vaidade de vaidades. Tudo é vaidade!”.

Lembrei que havia comprado um terno que gostei muito (e isso quase um milagre, pois eu detesto usar terno). Acontece que um irmão da nossa igreja vai casar e não dá pra discursar em uma boda com o mesmo jeans surrado com que vou na igreja todas as semanas. Dois dias atrás eu estava todo vaidoso, desfilando com o terno pela casa, experimentando a gravata nova e dizendo para a Jonara: “Olha como eu estou com cara de pastor!”, e ríamos. Lembrei também do quanto foi difícil conseguir a mobília básica da nossa casa. Vendemos todos nossos móveis antes de vir para cá, e o dinheiro não deu pra comprar muita coisa. Só agora, depois de três anos lutando, foi que conseguimos ter umas coisinhas bem básicas.

Concluí que realmente não existe nenhuma segurança de que o que temos é nosso, ou que será para sempre. De uma hora para outra, em questão de minutos você pode perder tudo.

Pensei na viagem do pastor Renato ao Haiti, e do avivamento que a igreja evangélica vive ali. Renato me disse que teve que dormir na rua, e que mesmo tendo dinheiro não dava para comprar pão. No entanto, os crentes não reclamavam e todos pareciam muito satisfeitos com Deus. Foi então que olhei para dentro de mim e descobri que apesar do susto, minha alma também estava avivada. Agora não estou teologizando, pensei. E emendei: “A vida é mesmo erva”.

Vaidade de vaidades”, diz o pregador. Tolo é o homem que confia nas riquezas, pois elas também são vãs.

Situações como estas são reveladoras. Nelas, entendemos que nada temos além de Deus, que o que possuímos é dEle, e o que somos, é por causa dEle. E, ao assumimos que nada temos além de Cristo, somos tomados por um gozo indizível; inefável. Faltam palavras, eu sei, mas o gozo é real.

Naquela noite, falei com Deus. Não lembro exatamente das palavras que usei, mas lembro que agradeci pela vida, e por me fazer entender que ter Deus é mais importante que qualquer coisa que a gente possa desejar na vida.

A graça dele é suficiente!



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Leonardo Gonçalves é missionário em Piura, Peru.


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16 agosto 2010

Por uma teologia apologética brasileira



Por Leonardo Gonçalves

A apologética cristã – um discurso em defesa das doutrinas cristas - é talvez um dos tópicos mais negligenciados pelos nossos estudiosos. Raramente consta no currículo de algum seminário e comumente se confunde com a heresiologia. No entanto, o atual quadro do cristianismo me faz pensar que poucas vezes ela foi tão necessária. Em tempos difíceis como os nossos, em que evangélicos estão dando as mãos aos católicos, espíritas e budistas em nome do “diálogo inter-religioso” e em que despontam novas espiritualidades, algumas estranhas e avessas ao evangelho de Jesus, é preciso que a liderança séria do nosso país se desperte para a necessidade de elaborarmos uma sólida apologética com a qual possamos combater as doutrinas modernas, geralmente diluídas entre filosofias ocas e relativizantes.

Uma das razoes porque defendo que a teologia brasileira deve ter ênfase apologética, vem do nosso contexto histórico-cultural. Os portugueses trouxeram o catolicismo romano. Os africanos arribaram suas crenças em espíritos orixás. Os nativos contribuíram com suas crenças animistas. Isso sem falar no êxodo que houve por ocasião das guerras mundiais, quando japoneses, italianos, poloneses, alemães aportaram por aqui, cada grupo trazendo sua própria cultura religiosa, a qual se misturaria com as crenças já diluídas dos brasileiros. A verdade é que vivemos em uma nação continental onde credos e raças se confundem e exercem influencia sobre a sociedade e a religião, demandando dos pastores e pesquisadores um constante raciocínio apologético.

A segunda razão porque defendo a tese de que a teologia brasileira deve ser apologética, é a nossa obstinação em importar tendências. Historicamente acostumados a toda sorte de crenças estrangeiras, o povo brasileiro tem como praxe a “tolerância”. Na verdade, a nossa cultura se parece mais com uma grande esponja, a qual tudo absorve e incorpora, e esta tendência também pode ser vista nas igrejas. Assim, em um mesmo segmento evangélico é possível encontrar conceitos que variam da Teologia da Prosperidade ao Teísmo Aberto, e do Neopentecostalismo ao Liberalismo Teológico. É necessário que a liderança séria do nosso país seja revestida de uma percepção apologética e através de meditação e submissão à Palavra, comece a separar os alhos dos bugalhos.

A terceira razão porque defendo a elaboração de uma teologia apologética nacional é que ninguém conhece melhor a igreja brasileira do que os crentes brasileiros. Obviamente que, como muito do que acontece no cenário teológico é um déjà vu de alguma teologia que surgiu lá fora, a produção de apologistas estrangeiros é de grande importância para nós. Não podemos, porém, negligenciar o fato de que nosso país tem uma problemática própria e muitas das nossas inquietudes não perturbam os grandes mestres da apologia internacional. Lá, fala-se muito em ateísmo e evidências da ressurreição, mas aqui no Brasil o numero de ateus e de pessoas que não crêem na ressurreição é consideravelmente menor, sendo este assunto, em certo sentido, menos relevante para nós. Por outro lado, o brasileiro convive com espiritismo, reencarnacionismo e ritos africanos que se misturam com crenças cristas, mas pouca gente lá fora está preocupada com isso. Assim, ao importar todos os livros de apologética estrangeira, memorizar seus jargões e despejar aquele “grande conhecimento” sobre nossos ouvintes, corremos o risco de ser supérfluos ao ponto de responder perguntas que ninguém está fazendo.

Creio que o momento é oportuno para implantar a apologética em nossas escolas teológicas, dando a ela não um papel secundário, mas essencial na formação dos nossos teólogos e líderes eclesiásticos. Também penso que as editoras evangélicas não perderiam em investir em apologistas nacionais tanto ou até mais do que investem na tradução de obras estrangeiras, pois o que percebo é uma grande carência de estudos especializados voltados para nossa realidade nacional. Penso ainda que a popularidade dos blogs e sites que se dedicam à defesa do cristianismo em um contexto tupiniquim é a prova cabal de que jamais houve momento melhor para se investir nos apologistas nacionais.

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Leonardo Gonçalves é pastor, missionário, editor deste blog e articulista na revista Apologética Cristã
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14 agosto 2010

Teologia do Deus imperfeito, de Ed René, Ricardo Gondim e Elienai Cabral Jr


Por Leonardo Gonçalves


DEUS DE TÃO PERFEITO conheceu a plenitude do tédio. De tão cercado pelo idêntico a si mesmo, incapaz de dizer por que hoje não é apenas um reflexo de ontem, sem jamais ter sonhado com um outro dia, enfadado com a previsibilidade de um mundo impecável, inventou o amor. Ou seria, preferiu amar?[..] Deus, que do absoluto fugiu em desespero, que inventara o imperfeito, imperfeito se fez. Inventou-se entre os incertos. Aperfeiçoou a imperfeição. Humanizou-se entre humanos. De tão impreciso, despido das forças do absoluto, igualmente inapreensível, excepcionalmente frágil, tão vivo e tão morto, descortinou o absoluto como quem desnuda o que é mau. Imperfeito, salvou-nos da perfeição.


(Elienai Cabral Jr.)


Existe neste país uma nova tendência teológica. Nada de novo, confesso, apenas mais do mesmo, importado e requentado no microondas da filosofia pós-modernista. Existencialistas de verve trágica, mais amigos de Sartre e Nietzsche do que Jesus de Nazaré, os novos teólogos brasileiros falam de teologia de modo muito apaixonado, mas parecem definitavemte ter saído dos trilhos. Afim de contextualizar com a geração emergente, estes pensadores repaginaram a fé, dando a ela um toque de relativismo e mística medieval, criando assim uma "outra espiritualidade", bem nos moldes daquela que Paulo condenou em Gálatas 1.8.

Bastante sutis, os arautos deste novo cristianismo conseguem cativar as mentes daqueles que estão enfadados com a igreja, e entre eles fazem escola. Na vanguarda da denúncia, os profetas da burguesia vão destilando toda sorte de impropérios contra os pregadores de prosperidade, carros e mansoes, e assim ganhando a simpatia daqueles que noutro tempo padeceram debaixo das garras malignas dos marajás do evangelho. Enquanto isso, tais como serpentes traiçoeiras, vão minando a base do cristianismo histórico, e roubando a glória e majestade que a Deus pertencem. No lugar do Onipotente, apresentam um deus fraquinho, raquítico. Um Deus imperfeito, ao invés daquele cuja essência é a perfeiçao. Definitivamente, uma outra espiritualidade.

No texto de Elienai Cabral, vemos o retrato de um Deus impotente, medíocre e pequeno. Em tese, o autor apresenta uma divindade oca, desprovida de glória e poder, constantemente desafiado por suas descapacidades e imperfeiçoes.

Negando a soberania de Deus sobre os assuntos humanos, a presciência dos fatos e a onipotência divina, a teologia dos "novos evangélicos" Ricardo Gondim, Ed René Kvitz e Elienai Cabral, simplesmente tiram Deus do cenário e introduz um ‘deus’ trapalhão e afeminado em seu lugar.

Não nego que os ensaios espiritualistas como este de Elienai podem parecer poeticamente atrativos, mas as heresias que recheiam suas linhas são extremamente nocivas, e precisam ser combatidas. Como calar-me diante de tamanha afronta? Não é a mim que eles diminuem e desprezam com seus conceitos relacionais, mas ao Soberano Senhor cuja glória enche a Terra. É o Deus vivo que está sendo reduzido, relativizado e transformado em um fracote que carece de tomar Biotônico Fontoura. Pobre deus; mal pode consigo mesmo!

Acerca dessa falsa teologia, Tomas C. Oden, em uma edição da revista americana Chistianity Today, declara:

“Conceber tal fantasia (um Deus finito e mutável) é incorrer em uma espécie de engano teológico cuja sutileza é maior do que se pode imaginar no que tange às explicações e conseqüências que tal conceito impõe à fé cristã”

Ora, meu amigo, o Deus da bíblia em nada se compara a essa pseudo-divindade humanista, e com o perdão da palavra, um deuzinho chulé, feito sob medida para filósofo ateu. O Deus bíblico é despótico, soberano, onipotente, onisciente, cheio de glória. Ele também é criador, sustentador, provedor e governador deste universo, e nenhuma coisa escapa ao seu absoluto controle; nem mesmo aquelas que as vezes não entendemos. Ele não se abriu a nenhum futuro desconhecido: Ele sabe o fim desde o começo e executa a sua vontade!

Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade; que eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim. Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade. - Isaías 46.9-10

Louvado seja Cristo, o kyrios despotes – Soberano Senhor – aquele cujos projetos não falham, que vela pela sua palavra para que se cumpra. Este sim, é digno de toda honra e louvor. Um Deus em quem a gente pode confiar.
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09 agosto 2010

Homenagem de dia dos pais


Por Leonardo Gonçalves

Não tenho experiência nisso. Até achava que tinha, pois quando fui para as missões, ainda com 18 anos e bem “verde” na fé, comecei a ganhar algumas almas, que eu chamava de filhos espirituais. Com o tempo, quando questionado por um crente pelo fato de ser um jovem sem filhos aconselhando famílias e abordando temas de pais e filhos, eu dizia: “todos vocês são meus filhos; como não posso falar com vocês sobre como criar filhos?” Gente, vocês nem imaginam o hilário que eu era! Até parecia o Estevam Hernandes: “Vai ter que me chamar de pai sim!” (risos). Quanta ingenuidade! E que mania besta de esconder a própria ignorância. Mas a vida quebra a gente, e através das depressões do caminho, Deus vai nos modelando e ensinando a ser mais servos dEle e menos senhores de si.

Sou marinheiro de primeira viagem, e meu moleque só tem 2 anos. Mesmo assim, já vi o suficiente para dizer que ser pai é uma das coisas mais maravilhosas que a gente pode experimentar nessa vida. Certamente há problemas, doenças, e umas situações estranhas que a gente as vezes não sabe como lidar. E ainda dizem que filho criado é trabalho dobrado, e eu oro a Deus para o Ravi não ser a metade do adolescente rebelde que eu fui, porque senão vou ficar careca e ranzinza bem antes dos quarenta. Aliás, ranzinza eu já estou!

Ontem meu garoto ficou doente. Anteontem também ficou. Garganta infeccionada, não quis saber de comer, e todo remédio que tomava, vomitava. Dá muita pena ver o filho da gente assim. Orei uma e outra vez, mas estava tão preocupado que, para ser franco, nem lembro o que foi que eu disse para Deus. Hoje ele amanheceu queimando em febre. Foi então que abracei ele e disse a Deus: “Meu filho está doente e o Senhor pode curá-lo, mas o Senhor só vai fazer isso se quiser, então, que seja feita a Tua vontade. Se ele for curado aqui eu direi obrigado; se eu tiver que levá-lo no hospital, eu te amarei do mesmo modo. Tudo o que eu quero é que o Senhor seja glorificado em nossas vidas. Amém”, e dali parti para o hospital. É o preço que eu pago por não ter comprado a toalhinha milagrenta do Valdemiro Santiago que eu vi à venda por cinqüenta reais quando fui ao Brasil no ano passado (risos).

Enquanto escrevo este texto, ouço a Jonara e o Ravi brincando. Ela está desenhando e ele está tentando adivinhar o que é. E eu, com os olhos marejados, fico aqui imaginando como é ser Deus. Se for verdade que ser Deus é ser pai – e eu sei que é – então posso estar seguro que ele jamais medirá esforços para me ajudar e me proteger, assim como eu faço com o Ravi. Obviamente isso não significa que nao passarei por algumas situações pesarosas nas quais terei que fazer a vontade dele ao invés da minha, o que é mais ou menos como quando eu falo grosso com o Ravi e o obrigo a comer toda a verdura do prato. E sei também que essas são coisas que ele não entende agora, mas que um dia vai entender e ainda vai me agradecer, exatamente como acontece com a gente nessa vida, em nossa relação com Deus. “O que eu faço, tu não entenderás agora”, disse o Mestre.

É claro que não podia deixar de prestar minha homenagem àquele a quem Deus deu o privilégio de carregar o bebê, brincar com o menino, desentender-se com o adolescente e reatar laços de amizade com o adulto e hoje também pai. Preciso agradecer o meu pai, o senhor Rubeci Gonçalves, com quem aprendi a ser homem. Ele não conhecia a Jesus como eu conheço hoje, mas isso nunca o impediu de ser uma pessoa sincera e honrada, o que prova que as leis de Deus estão escritas nos corações dos homens indistintamente. Ele perdeu o pai dele (o meu avô Eduardo) no ano passado, e eu apenas posso imaginar a barra que deve ter sido. Seria uma grande barra pra mim perder o meu velho e guerreiro, e não gosto nem de pensar na hipótese disso acontecer. No entanto, estou convencido que para aquele que confia sua vida à Cristo, toda separação neste mundo é apenas passageira, pois um dia todos nos reuniremos em Cristo, no céu. Queria muito estar com meu pai hoje, porque imagino que isso é importante para ele neste dia, quando ele lembrar do pai dele, assim como eu gostaria que o Ravi estivesse comigo se um dia eu “perdesse” o meu velho. Amor de filho não substitui amor de pai (e hoje eu sei disso!), mas ao menos consola. Vou ficar devendo esse abraço, porque o preço da redenção de muitas almas é o sacrifício da separação. Foi isso que Deus me ensinou naquela tarde inesquecível no museu Tallán.

Por último (mas não menos importante – aliás, é justamente o contrário), e já me acabando em lágrimas, quero agradecer a Deus por ter me dado o grande privilégio de ser seu filho, mesmo eu sendo aquele jovem rebelde e cheio de pecados, alguns dos quais ainda habitam os porões da minha alma e volta e meia querem me assolar. Não podem, porém, separar-me de Deus, pois nenhum pecado é maior que o sangue daquele que me comprou quando me salvou de mim mesmo. Quero felicitar a Deus neste dia dos pais (e porque não?), e dizer que não há nada mais recompensador do que viver intensamente para a Sua glória, e que não desejo honras nem louvores, não quero fama ou riquezas. Quero apenas viver para te servir e ser aquilo que o Senhor tiver reservado para mim.

A todos os pais que lêem este blog, um feliz dia!



 

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