Por Leonardo Gonçalves
Anteontem passamos um bocado de susto. Já estava deitado quando Jonara e eu escutamos um barulho que até parecia uma orquestra de vuvuzelas. Olhei para a TV e vi que estava balançando. A cama tremia com força, mas eu não queria aceitar o que estava acontecendo. Fiquei sem ação, me distraí, mas fui desperto quando Jonara gritou: “terremoto!” Sai correndo, procurando a chave para abrir a porta, seguido por Jonara e Ravi. Os vizinhos já estavam na rua quando consegui sair da casa, e o chão ainda tremia. Felizmente, não foi nada grave: apenas 5,5 na escala Richter, com epicentro em Olmos, a alguns quilômetros daqui. Porém, as pessoas andam preocupadas, pois com este já vão cinco pequenos sismos consecutivos (12, 13, 14, 15 e 16 de agosto).
Moramos na mesma rua ha algum tempo, e não conhecia alguns dos meus vizinhos. Com outros, jamais havíamos trocado palavras, e nem mesmo eles conversavam entre si, mas naquela noite todos conversávamos como se fossemos velhos amigos. O sofrimento une. Já a prosperidade as vezes separa. É nas tragédias da vida que percebemos que somos todos iguais: O que acontece com o rico, acontece igualmente com o pobre.
Voltamos para casa. Jonara e Ravi dormiram logo, mas eu fiquei acordado pensando acerca da vida, perguntando a mim mesmo: “E se tivesse sido mais forte?”. Sim, e se tivesse sido um terremoto intenso? E se a casa desabasse em cima da gente? E se a gente perdesse tudo? (que é o pouco que temos). Em todo tempo ecoava em minha mente as palavras do sábio Salomão: “Vaidade de vaidades. Tudo é vaidade!”.
Lembrei que havia comprado um terno que gostei muito (e isso quase um milagre, pois eu detesto usar terno). Acontece que um irmão da nossa igreja vai casar e não dá pra discursar em uma boda com o mesmo jeans surrado com que vou na igreja todas as semanas. Dois dias atrás eu estava todo vaidoso, desfilando com o terno pela casa, experimentando a gravata nova e dizendo para a Jonara: “Olha como eu estou com cara de pastor!”, e ríamos. Lembrei também do quanto foi difícil conseguir a mobília básica da nossa casa. Vendemos todos nossos móveis antes de vir para cá, e o dinheiro não deu pra comprar muita coisa. Só agora, depois de três anos lutando, foi que conseguimos ter umas coisinhas bem básicas.
Concluí que realmente não existe nenhuma segurança de que o que temos é nosso, ou que será para sempre. De uma hora para outra, em questão de minutos você pode perder tudo.
Pensei na viagem do pastor Renato ao Haiti, e do avivamento que a igreja evangélica vive ali. Renato me disse que teve que dormir na rua, e que mesmo tendo dinheiro não dava para comprar pão. No entanto, os crentes não reclamavam e todos pareciam muito satisfeitos com Deus. Foi então que olhei para dentro de mim e descobri que apesar do susto, minha alma também estava avivada. Agora não estou teologizando, pensei. E emendei: “A vida é mesmo erva”.
“Vaidade de vaidades”, diz o pregador. Tolo é o homem que confia nas riquezas, pois elas também são vãs.
Situações como estas são reveladoras. Nelas, entendemos que nada temos além de Deus, que o que possuímos é dEle, e o que somos, é por causa dEle. E, ao assumimos que nada temos além de Cristo, somos tomados por um gozo indizível; inefável. Faltam palavras, eu sei, mas o gozo é real.
Naquela noite, falei com Deus. Não lembro exatamente das palavras que usei, mas lembro que agradeci pela vida, e por me fazer entender que ter Deus é mais importante que qualquer coisa que a gente possa desejar na vida.
A graça dele é suficiente!
***
Leonardo Gonçalves é missionário em Piura, Peru.
Moramos na mesma rua ha algum tempo, e não conhecia alguns dos meus vizinhos. Com outros, jamais havíamos trocado palavras, e nem mesmo eles conversavam entre si, mas naquela noite todos conversávamos como se fossemos velhos amigos. O sofrimento une. Já a prosperidade as vezes separa. É nas tragédias da vida que percebemos que somos todos iguais: O que acontece com o rico, acontece igualmente com o pobre.
Voltamos para casa. Jonara e Ravi dormiram logo, mas eu fiquei acordado pensando acerca da vida, perguntando a mim mesmo: “E se tivesse sido mais forte?”. Sim, e se tivesse sido um terremoto intenso? E se a casa desabasse em cima da gente? E se a gente perdesse tudo? (que é o pouco que temos). Em todo tempo ecoava em minha mente as palavras do sábio Salomão: “Vaidade de vaidades. Tudo é vaidade!”.
Lembrei que havia comprado um terno que gostei muito (e isso quase um milagre, pois eu detesto usar terno). Acontece que um irmão da nossa igreja vai casar e não dá pra discursar em uma boda com o mesmo jeans surrado com que vou na igreja todas as semanas. Dois dias atrás eu estava todo vaidoso, desfilando com o terno pela casa, experimentando a gravata nova e dizendo para a Jonara: “Olha como eu estou com cara de pastor!”, e ríamos. Lembrei também do quanto foi difícil conseguir a mobília básica da nossa casa. Vendemos todos nossos móveis antes de vir para cá, e o dinheiro não deu pra comprar muita coisa. Só agora, depois de três anos lutando, foi que conseguimos ter umas coisinhas bem básicas.
Concluí que realmente não existe nenhuma segurança de que o que temos é nosso, ou que será para sempre. De uma hora para outra, em questão de minutos você pode perder tudo.
Pensei na viagem do pastor Renato ao Haiti, e do avivamento que a igreja evangélica vive ali. Renato me disse que teve que dormir na rua, e que mesmo tendo dinheiro não dava para comprar pão. No entanto, os crentes não reclamavam e todos pareciam muito satisfeitos com Deus. Foi então que olhei para dentro de mim e descobri que apesar do susto, minha alma também estava avivada. Agora não estou teologizando, pensei. E emendei: “A vida é mesmo erva”.
“Vaidade de vaidades”, diz o pregador. Tolo é o homem que confia nas riquezas, pois elas também são vãs.
Situações como estas são reveladoras. Nelas, entendemos que nada temos além de Deus, que o que possuímos é dEle, e o que somos, é por causa dEle. E, ao assumimos que nada temos além de Cristo, somos tomados por um gozo indizível; inefável. Faltam palavras, eu sei, mas o gozo é real.
Naquela noite, falei com Deus. Não lembro exatamente das palavras que usei, mas lembro que agradeci pela vida, e por me fazer entender que ter Deus é mais importante que qualquer coisa que a gente possa desejar na vida.
A graça dele é suficiente!
***
Leonardo Gonçalves é missionário em Piura, Peru.
Clique e conheça!
1 comentários:
Caro Pastor,
Que prazer conhecer o seu blog!
Quanto ao seu artigo, Agostinho em certa altura da sua vida pode concluir:
"Fizeste-nos para Ti, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em Ti". Por mais que buscamos nos satisfazer nas coisas desta vida, o anseio permanece.
A nossa satisfação está no próprio Deus. O resto é vaidade...
Que Deus nos ajude nisso!
Nele,
Marcos Sampaio
Faça-nos uma visita: http://retratosdavidacrista.blogspot.com
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