30
comentários

30 julho 2010

Soldado ou guerrilheiro: Quem é você afinal?




O recente pronunciamento de Índio da Costa sobre o envolvimento do PT com as FARC, grupo terrorista colombiano, embora não seja nenhuma novidade, tem levantado o debate sobre a legitimidade da guerrilha da Colômbia. Antes de continuar, permita-me esclarecer que não defendo Sendero, nem FARC, nem Fidel Castro. Sou a favor da liberdade de consciência, e me oponho a tudo aquilo que restrinja meu direito de pensar. Lugar de terrorista é na cadeia, e quem se vale da ilegalidade do tráfico de drogas e armas não deveria ser chamado de soldado.

Agora, não pense que eu estou escrevendo isso para fazer uma defesa do Exército Brasileiro ou apenas para demonstrar minha discordância com a guerrilha colombiana ou com o PT. Eu apenas tomei emprestada essa analogia para exemplificar uma realidade comum ao cristianismo, pois cada dia que passa eu me dou conta que os guerrilheiros estão se apoderando do evangelho, enquanto está cada vez mais raro deparar-se com um verdadeiro soldado.

Mas qual é a diferença entre um soldado e um guerrilheiro? A linha que os divide parece um tanto tênue. Observe que os membros de uma guerrilha quase sempre têm uniformes, coturnos, armas e munição, rádios comunicadores e até se falam com jargões militares. Eles também possuem uma hierarquia, passam por um treinamento severo, tudo muito parecido com um exército “formal”. Apesar disso, não possuem a legitimidade de um verdadeiro exército. Por que razão? Ora, o motivo é simples: Os grupos guerrilheiros lutam por sua própria ideologia, por seus interesses comuns, enquanto soldados lutam pela pátria, estão sob comando da nação e a serviço do seu país. Deu para entender? Vou repetir a idéia: grupos guerrilheiros lutam por sua própria ideologia, por seus interesses comuns, por sua utopia particular, enquanto soldados lutam pela pátria. Captou?

Diante dessa confirmação, eu pergunto a você: Quais os interesses que movem os pastores, missionários e a liderança evangélica de modo geral? Por quem lutam? Seriam eles soldados ou guerrilheiros? Em um conflito de ideologias, qual força prevalece: a claridade das Escrituras ou a força de um estatuto? A palavra de Deus ou as palavras dos homens? O amor à Deus ou o apego à tradição denominacional? Por quem nossos líderes estão lutando?

Ainda lembro com tristeza das muitas vezes que tive que abster-me de gostos e gestos, de interesses e afinidades não porque a bíblia condenava minha conduta, mas porque o mesmo ia contra os famigerados “usos e costumes denominacionais”. Quantas vezes, na minha adolescência e juventude deixei de jogar bola, de freqüentar a piscina do clube, de tomar banho de cachoeira e outras diversões inocentes só para não ir contra as imposições do ministério? Transformaram-me em alguém que eu não era, violentaram a minha individualidade, e eu, simplesmente me deixei levar pela ideologia do grupo, pensando que ao final do treinamento me converteria em um bom soldado. Qual não foi a minha decepção quando descobri que haviam me transformado em um guerrilheiro!

Colegas pastores, ouçam por um momento este jovem que não tem direito sobre vocês, mas que os adverte e exorta com amor de um irmão: Por quem é que nós lutamos? Pelo reino de Deus ou pelos “reinos” dos homens? E se é pela glória de Deus, então alguém me diz, por favor, por que raios os imperativos deste reino não prevalecem nas discussões de Ministério ou nas mesas das Convenções? Porque é que nos recusamos a ensinar certos princípios bíblicos por reverencia a tradições retrógradas que muitas vezes estão em aberta oposição aos princípios do Reino? Será que já não lutamos pelo Reino? Já não defendemos nossa Pátria? Já não somos soldados dAquele Senhor?

Vejo em nossos dias homens e mulheres dispostos a morrer por um ministério, tatuando o rosto do seu apóstolo predileto nas costas, marchando (literalmente marchando!) alienados pelas idéias particulares de coronéis do evangelho, batendo continência para bispos, bispas, apóstolos e patriarcas cuja honra há muito se perdeu, e pergunto se não estamos rodeados por guerrilheiros, os quais andam muito preocupados com “seus evangelhos”, com “suas verdade”, com “seus reinos”, quando deveriam marchar como verdadeiros soldados aos quais somente importam as ordens do verdadeiro General.

Não quero dizer com isso que não se deve obedecer pastores, nem que seja um pecado honrá-los. O mandamento é bíblico, mas não existe nas Escrituras nenhuma razão que nos obrigue a honrar aqueles que negociaram o evangelho, mercadejaram a fé, se corromperam no poder e perderam a honra. Devemos obedecer àqueles que, orientados pela ideologia do Reino, nos guiam na batalha e demonstram fidelidade ao Deus que os comissionou. Quanto à geração de líderes caídos, vendidos e reprovados, valho-me das palavras de Pedro: “É mais importante obedecer a Deus do que aos homens”.

Há tempos venho observando essa guerrilha boba, e há muito já não cedo à suas ideologias e interesses. E como sempre acontece nas ditaduras comunistas, todos aqueles que ousam se opor ao status quo e lutar pela liberdade são taxados de rebeldes, são a “força inimiga”, os “traidores”. Assim, por uma grande ironia, no dia em que decidi lutar pelo meu Senhor aceitando o desafio de ser um autêntico soldado, meu antigo exército me perseguiu, me humilhou, me chamou de rebelde. Quando desejei com toda minha alma ser soldado, a “igreja” “evangélica” me transformou em um guerrilheiro subversivo. Que contradição!

Mas isso já não me importa, pois soldado que é soldado não teme enfrentar um grande exército. Prefiro ir à guerra com 300 valentes que amam à Deus do que lutar ao lado de 32 mil que buscam seus próprios interesses. Nem sempre a verdade está com a maioria, e tratando-se do evangelicismo brasileiro, está cada vez mais provado que a lógica não prevalece.

Mas e você, amigo leitor? Você é Soldado ou Guerrilheiro? De que lado você está?
1 comentários

29 julho 2010

Crescendo em Graça / Creciendo en Gracia: Análise da seita do anticristo portorriquenho

Uma análise completa das principais doutrinas
da estranha seita do anticristo portorriquenho



Em 1988, o grupo “Creciendo em Gracia” foi fundado na cidade de Miami, Flórida, EUA., onde atualmente está localizada sua sede internacional, pelo portorriquenho José Luis de Jesús Miranda.

Em 1993, em Porto Rico, durante a terceira convenção anual, José Luis de Jesús foi proclamado “Apóstolo” por seus seguidores. Anos depois, ele mesmo se declararia “Jesús” em carne e adotaria como símbolo do seu ministério o número 666 [1].

Creciendo em Gracia é uma organização que se caracteriza por negar a existência do pecado e, por conseguinte, do inferno. O grupo instiga seus seguidores a tatuarem o número 666 porque, de acordo com sua fé, não é um número satânico, mas de sabedoria. Também tatuam no corpo as iniciais da frase “Salvo, Sempre Salvo” (SSS) [2] como sinal de que, ainda que cometam erros, não são pecadores, mas sempre serão abençoados, pois Cristo levou seus pecados na Cruz. Deste modo, pregam que o seguidor da seita pode viver uma vida totalmente entregue ao pecado, o qual para eles não é real.



PRINCIPAIS DOUTRINAS

À seguir, esboçaremos as principais doutrinas do grupo:


a) Preexistencia da alma

Os seguidores da seita ensinam que os seres humanos existiam como seres espirituais antes de nascerem: “Antes de ser formados em carne no ventre materno, fomos criados em espírito antes da fundação do mundo”[3], dizem, e usam Hebreus 12.9, onde a Bíblia diz que “Deus é o Pai dos espíritos” para justificar suas crenças. Apóiam igualmente em Jeremias 1.5, que diz “Antes que te formasse no ventre, te conheci”, interpretando o texto da seguinte maneira: “O que Deus conheceu foi seu espírito (...) Deus criou muitos espíritos antes da fundação do mundo.

Posteriormente, estes anjos foram tomando corpos enquanto passavam pelo ventre”[4], fazendo uma grande confusão ao confundir anjos com espíritos, transmitindo a falsa idéia de que a humanidade está composta de anjos encarnados.


b) O evangelho da Salvação pregado no Céu

O grupo não apenas ensina que existíamos como espíritos ou anjos antes da nossa existência na terra, mas também afirma que durante nosso período como anjos no céu, Deus mesmo nos pregou “o evangelho da nossa salvação”[5]. Difícil, no entanto, é entender a razão dessa pregação, pois uma vez que no céu não existe pecado, do que deveríamos ser salvos? Além disso, a Bíblia ensina que o evangelho da salvação é a morte, sepultamento e ressurreição de Jesus (1Co 15.1-4), portanto, isso não aconteceu antes da vinda de Jesus à terra para pagar nossos pecados.


c) Adão e Satanás são a mesma pessoa

Segundo o ministério “Creciendo em Gracia”, Adão é a serpente, o diabo e satanás. Dizem que no princípio “um anjo se exaltou, e Deus o lançou à terra. No trajeto, ele chegou à terra como um homem”[6], e foi posto no jardim do Éden.

Eládio Ramos, um dos pastores importantes do “ministério”, afirma que na tentação, Eva não teve um diálogo com uma simples serpente, mas “estava falando com o próprio Adão, e foi ele quem lhe disse: No dia que comeres, seus olhos serão abertos e serás como Deus”, e conclui: “Era ele [Adão], a serpente antiga que se chama Diabo e Satanás”[7].


d) O apostolado

Antes de ser aclamado como “Jesus Cristo Homem”, José Luis Miranda se apresentou ao grupo como sendo “apóstolo” em 1993, sendo ele a versão portorriquenha de Paulo, o missionário dos gentios. Seus seguidores foram persuadidos a crer que ele era o “outro” mencionado em 1Coríntios 3.10, que segundo a interpretação particular da seita, se levantaria e “edificaria sobre o fundamento deixado pelo apóstolo Paulo”.

Obviamente, trata-se de uma distorção do texto bíblico, uma vez que a palavra “outro” no versículo 10 não se refere a uma pessoa específica que chegaria no futuro e edificaria sobre o fundamento de Paulo. Observe que a frase “outro edifica” está no tempo presente e não no futuro, e se refere ao ministério de Apolo (v.6) e a outros ministros em geral, como nos versículos 12 a 15. A maneira como o grupo tenta explicar 1Coríntios 3.10 é um caso clássico de como alguém pode torcer o significado das Escrituras para sua própria perdição.


e) A Trindade

Assim como muitas outras seitas, este grupo rejeita a doutrina bíblica da Trindade e adotam o mesmo conceito modalista que dos Unicistas ao afirmar que “Deus é um, mas tem diferentes manifestações. O filho é o Padre, mas quando nasceu foi chamado Filho”[8].


f) Dois Cristos: Um Encarnado e outro Ressuscitado

O ministério “Creciendo en Gracia” tem uma perspectiva muito particular sobre Jesus Cristo. O grupo faz distinção entre o Cristo encarnado e o Cristo Ressuscitado e acrescentam que somente o Cristo Ressuscitado é digno de ser imitado. Segundo eles, o Cristo encarnado que viveu 33 anos na terra não é o Cristo a quem devemos imitar ou seguir, pois suas palavras, recolhidas nos evangelhos, não eram dignas nem verdadeiras. “Cristo viveu conforme a lei e não conforme a graça”, dizem. Foi um Cristo legalista que se submeteu aos preceitos da lei para levar os pecados. O Cristo digno de imitar é aquele que ressuscitou dos mortos, que posteriormente seria identificado pela seita como o próprio José Luis Miranda.

Para refutar esta mentira do grupo não é necessário muita reflexão. Falando sobre o Cristo encarnado, Joao disse: “E vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e verdade” (Jo 1.14). Ao contrário do que a seita diz, Cristo estava cheio de graça e verdade, não de “legalismo”. Um pouco adiante no mesmo capitulo, lemos: “Pois a lei veio por meio de Moisés, mas a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (Jo 1.17).


g) Confissão Positiva

Influenciados pelo que ficou conhecido como Movimento de Fé, eles, do mesmo modo que as seitas metafísicas tais como Ciência Crista e Nova Era, acreditam que o crente pode criar sua própria realidade através do pensamento positivo ou, como se popularizou no meio evangélico, uma confissão positiva. Quando os fieis estão passando por problemas econômicos ou enfermidades físicas. Seus mestres recomendam que falem ao “Senhor” e também ao problema da seguinte forma: “Senhor, eu não recebo isso, recebo e creio que isso vai se arrumar e declaro que esta situação mudará agora mesmo. Diga à tua carne que adora ficar doente e pegar resfriados (...) diga: ‘Olha, fique curada porque não tenho tempo para isso, eu te declaro curada’ (...) Fale com poder, pois você tem a vida na sua boca” [9].

Esta idéia errada somente pode ser uma concepção de como o “deus” que eles dizem seguir promete operar. Deus, em tempos de necessidade, opera na vida do crente de maneiras diferentes. Além disso, falar positivamente com o problema deixa de ser uma fé em Deus e se transforma em confiança nas nossas próprias palavras, uma fé na fé. Nosso entendimento da oração deve estar baseado em tudo que a Bíblia diz, e tudo quanto pedimos deve estar submetido à vontade de Deus (1Jo 5.14).


h) José Luis de Jesús Miranda: “Jesus Cristo Homem”

Sem nenhuma dúvida esta é a mais controversa de todas as doutrinas da seita. Como se tanta mentira não fosse suficiente, e insatisfeito com o título de “Outro Apóstolo”, o líder da seita se nomeou Jesus Cristo e a última autoridade sobre o evangelho. O fato aconteceu no ano de 2004, e nessa ocasião muitas pessoas abandonaram o grupo. Nem mesmo o filho do líder da seita, chamado José Luis Júnior, que anteriormente havia liderado uma de suas igrejas na Colômbia e também desempenhava atividades na sede central, permaneceu junto ao pai.

Inspiração demoníaca ou vaidade, o que levou o líder da seita a se proclamar Jesus Cristo? Provavelmente, ambas coisas. Acerca da vaidade do pai, José Luís Jr disse: “Uma vez que meu pai começou a apresentar-se como Deus, já não havia espaço para interpretações diferentes. Ele perdeu toda a responsabilidade com a congregação e com a família, e se transformou no José Luis Estrela” (grifo nosso).


Acerca desta grande mentira, o Senhor Jesus Cristo – o verdadeiro – já nos havia advertido que no futuro se levantariam falsos profetas e falsos Cristos, e que estes enganariam a muitos e se fosse possível, enganaria até mesmo os escolhidos (Mateus 24.4,5,11-13,23, 24 / Marcos 13.5,6,21,22), de tal maneira que ao se comparar ao Santo, o líder do grupo definitivamente tirou a mascara e demonstrou a todos o quanto é profano e demoníaco. Apesar disso, o grupo continua crescendo e atualmente conta com igrejas em 13 países da América Latina; Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador, El Salvador, Costa Rica, Honduras, Nicarágua, Guatemala, Cuba e Brasil, além da sua sede nos Estados Unidos [10]. O grupo diz ter milhares de seguidores no sul, centro e norte da América, mas os números ainda não foram confirmados.


***
Publicado em Português no site Apologia do Cristianismo e no Púlpito Cristão


Notas:

1. Ministério Creciendo em Gracia: “Creciendo em Gracia – Historial del Ministerio, vídeo, setembro de 1997 e informações adquiridas na página de notícias do ministério.
2. Não confundir com a doutrina calvinista da perseverança dos santos, a qual apesar não ser unanimidade entre evangélicos, possui base bíblica e diferente da seita de Miranda, não prega libertinagem nem promove o pecado, antes afirma que o verdadeiro crente é perseverante, e tendo entrado em um processo irresistível de santificação, está seguro e não perderá sua salvação.
3. “Preexistencia”, http://GraciApostolado.org/miceg/Cpp026.html [o site foi deletado pelo grupo, mas os dados podem ser conseguidos no banco de dados do Centro de Información Religiosa, ministério apologético na Bolívia], e Eládio Ramos: “Nuestra Preexistencia” – Áudio.
4. Ibid.
5. Eladio Ramos: “Las Tres Etapas de la Salvación”.
6. Ramos: “¿Quién fue Adán?”.
7. Ibid., lado B.8. Ministerio Creciendo en Gracia: “Creciendo en Gracia—Historial del Ministerio”, video, septiembre, 1997 / Eladio Ramos: “Angeles primero y después hombre”.
8. Ministerio Creciendo en Gracia: “Creciendo en Gracia—Historial del Ministerio”, video, septiembre, 1997 / Eladio Ramos: “Angeles primero y después hombre” (Ministerio Creciendo en Gracia), cassette, lado B.
9. Eladio Ramos: “Los Tres Mundos” (Ministerio Creciendo en Gracia).
10. Os dados aprensentados neste último parágrafo sao antigos. Estou buscando dados recentes para atualizar o artigo.

(*) Também foi de grande ajuda os estudos publicados por René Pereira, Johnny B. Torralbo e Ricardo Bezerra, bem como as informações obtidas através de ministérios apologéticos no México e na Bolívia.



Permissões: Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material, desde que adicione as informações supracitadas, não altere o conteúdo original, mencione a fonte com o link do site e não o utilize para fins comerciais.
5
comentários

26 julho 2010

Edir Macedo construirá réplica do Templo de Salomão em São Paulo


Ao menos foi o que acabei de ler na ABN News. Um mega templo com 126 metros de comprimento por 104 metros de largura será construído em São Paulo. As dimensões ultrapassam o tamanho de um estádio de futebol, com a altura de um edifício de 18 andares. Haverá no local uma réplica da arca da Aliança, e as pedras da construção serão importadas de Israel.

“Nós encomendamos o mesmo modelo de pedras de Jerusalém que foram usadas por Salomão, pois vamos revestir as paredes do templo com elas. Nós queremos que as pessoas tenham um lugar bonito para buscar a Deus e também a oportunidade de tocar nessas pedras e fazer orações nelas”, disse o bispo Edir Macedo, dando a entender que o simulacro continuará sendo propagando e cobrará força após a construção.

Particularmente, não me oponho à construção de igrejas grandes. O que me assombra é o dinheiro investido em uma obra luxuosa e tão supérflua. Bastaria dizer que com o montante empregado nesta mega-catedral daria para construir 8700 templos para 200 pessoas aqui no Peru. Considerando que em diversas regiões da serra e selva peruana os irmãos congregam com extrema dificuldade e sem um templo próprio, penso que este investimento representaria um grande avanço missionário neste país.

Mas Edir Macedo é um grande empreendedor, e sabe que o projeto de reproduzir o templo dos judeus vai alavancar as entradas, pois qual o fiel iurdiano que não pagaria horrores para poder tocar nas pedras importadas de Israel, no altar do incenso e na Arca do Senhor?

Importações de Israel são um negócio da China, e a Igreja Universal é pioneira no ramo, à anos trazendo ao Brasil litros e mais litros da água do Rio Jordão (o qual, diga-se de passagem, se transformou em um criadouro de coliformes e já foi declarada imprópria para batismos, para tristeza do pessoal da Lagoinha).

Réplica por réplica, há muito que eu venho denunciando que a suposta fé dos neopentecostais nada mais é do que uma réplica fajuta e muito mal feita do evangelho de Jesus. A única diferença é que o que antes se dizia apenas como metáfora, agora é literal.
3
comentários

22 julho 2010

A fé e a soberania de Deus



Por Leonardo Gonçalves

Recentemente terminei uma série de estudos na carta de Paulo aos Romanos. Como sempre acontece, a leitura de Romanos instigou o pensamento dos crentes, fazendo-os contemplar com maior clareza o Deus soberano que os salvou, bem como o modo como ele salva.

Um dos pontos de tensão na carta é a aparente dualidade entre a fé e a soberania de Deus, tanto que alguns escritores evangélicos, na tentativa de conciliar a fé (do homem) e a soberania (de Deus), acabam por optar pelo sinergismo, que é a crença de que o homem pode cooperar com Deus para a sua salvação. Definitivamente, não creio assim. Estou convencido de que a soberania de Deus não deixa nenhum espaço para a glorificação humana.

A aparente tensão somente surge quando ignoramos o fato de que a fé (do homem) é também a fé de Deus. Senão, vejamos:

Primeiramente devemos perceber que a fé é um dom de Deus. Isso está claro em passagens como Filipenses 1.29 (onde está escrito que a nós foi concedido crer), em Hebreus 12.2 (onde Cristo é o autor e consumador da nossa fé), e de um modo muito especial em Efésios 2.8, onde a salvação de graça e por meio da fé aparece claramente como um dom de Deus. Poderíamos ainda mencionar Pedro, quando este diz que Deus, por seu divino poder, nos concedeu “tudo que diz respeito à vida e a piedade” (2Pd 1.3) e também Tiago, quando afirma que toda “boa dádiva e dom perfeito vem de Deus” (Tg 1.17), mas creio que estas referências são suficientes.

O segundo ponto que quero aclarar é que a fé, sendo um dom de Deus, é irrevogável. Isso encontramos em Romanos 11.29, onde Paulo diz que “os dons de Deus e o seu chamado são irrevogáveis”. Sendo assim, podemos afirmar que um crente verdadeiro pode apresentar uma fé fraca ou forte, mas ele sempre terá fé. No entanto, não ignoro que alguns, tendo conhecido o evangelho, se distanciam, aparentando perder a fé. Estes, na realidade, apenas aparentavam fé, pois nunca a tiveram (1Jo 2.19).

Em terceiro lugar, gostaria de esclarecer que nem todas as pessoas possuem fé salvífica. Obviamente existe um tipo de fé comum a todos os homens, como a fé nos ídolos ou em si mesmos, mas nem todos possuem fé para a salvação. Paulo aos Tessalonicenses disse que “a fé não é de todos” (2Ts 3.2), e isso pode ser percebido também quando observamos ao nosso redor e fatalmente constatamos que nem todos se salvam. Ora, por alguma razão Deus decidiu não conceder a fé, que é um dom dEle, a todos os homens.

Agora, a razão porque Deus escolheu dar a fé a alguns homens não pode ser a bondade do próprio homem (pois assim a salvação seria por obras), nem mesmo algo intrínseco ao homem (porque neste caso a glória seria do homem). Por isso afirmamos que a única razão coerente porque Deus decidiu dar a fé a alguns homens é a sua livre vontade, ou soberania.

Nosso quarto ponto visa responder a seguinte pergunta: “Uma vez que a fé é um dom de Deus, irrevogável e não é de todos, então a quem Deus dá a fé?”. A resposta a esta pergunta é que somente os escolhidos de Deus terão fé. Veja, por exemplo, o modo como Paulo começa a escrever sua carta a Tito: “Paulo, servo de Deus, e apóstolo de Jesus Cristo, segundo a fé dos eleitos de Deus (...)” (Tt 1.1). Observe aqui que a fé é um presente de Deus aos que ele escolheu. Também Lucas, em Atos dos Apóstolos, narra que “creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna” (At 13.48). Somente aqueles que estavam ordenados para a vida eterna puderam crer.

A suma destas coisas é que, sabendo que a fé que o homem exerce é um dom de Deus, não convém repetir o já desgastado jargão “Salvação: Soberania de Deus; decisão sábia do homem”, uma vez que a salvação não é um projeto com participação humana, antes, é um projeto de Deus e uma decisão soberana de Deus que redundou em uma resposta humana. Também não devemos supor que nossa fé é a causa da eleição, pois primeiro foi a eleição (Ef 1.4), e depois veio a fé.

“Porque, quem te faz diferente? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se não o houveras recebido?”


Soli Deo Gloria!
11
comentários

13 julho 2010

Igreja Emergente: O que é isso?



Segundo o portal Igreja Emergente, uma igreja emergente é basicamente “um movimento cristão onde as pessoas buscam viver sua fé em um contexto social pós-moderno”. Cunhada no final da década de 90, a terminologia se aplica aquelas comunidades que tem como principal marca a propagação do evangelho dentro das diferentes culturas urbanas.

O movimento já vinha ganhando projeção no Brasil, propagado principalmente através de blogs e sites na internet, mas obteve maior impulso após a publicação do livro “Ortodoxia Generosa”, de autoria de Brian Mclaren.


Sinceros, mas equivocados

Os defensores e pregadores da chamada igreja emergente possuem motivações sinceras. Como missionário, reconheço que a igreja em algumas ocasiões hostilizou e violentou culturas ao invés de valorizá-las, e que isto de certo modo tem sido uma barreira para a pregação do evangelho. Para reparar essa situação, a igreja precisa desenvolver uma teologia que faça separação entre evangelho e cultura. Além disso, as mutações que vêm ocorrendo na sociedade pós-moderna demandam dos pastores e líderes uma revisão missiológica, reelaborando estratégias e contextualizando sua mensagem para que esta possa ser plenamente entendida pela geração emergente.

O problema é que, basicamente, as igrejas emergentes estão mais preocupadas com o ouvinte do que com a mensagem em si, e em seu desejo de pregar um evangelho que seja “aceitável” ao homem pós-moderno, acabam por negligenciar os pressupostos básicos do cristianismo, chegando mesmo a negar a literalidade do nascimento virginal de Cristo, seus milagres, a ressurreição de Jesus e a existência do inferno eterno.


Relativismo, boas obras e ódio pela igreja

Segundo Kevin Corcoran, outra marca distintiva das comunidades emergentes é “a preferência pela vivência correta ao invés da doutrina correta” [1]. Para alguns, a doutrina realmente não importa, de modo que cosmovisoes excludentes como catolicismo e protestantismo são colocadas por eles no mesmo pacote. Estes simplesmente ignoram que não pode haver justificação onde não existe arrependimento e conversão à Verdade. Ao demonstrarem excessiva preocupação com a práxis em detrimento da doutrina, eles se aproximam mais do catolicismo e do espiritismo do que da tradição evangélica, uma vez que a ênfase recai sobre as obras e não sobre a fé.

Existe ainda uma corrente pós-igreja dentro da igreja emergente, que afirma que a própria igreja é o problema e tentam despir-se dela. “Eles sequer usam a palavra igreja e dizem: Nada do que eles fizeram, nós faremos”, diz Jason Clark [2], outro líder do movimento. Muitos rejeitam até mesmo o título de cristãos e não consentem, em nenhuma hipótese, que chamem suas comunidades de igrejas.

No Brasil, vemos esta influência emergente hostil em Caio Fábio, ex-pastor presbiteriano e atual mentor da comunidade Caminho da Graça, para quem a própria Reforma Protestante foi apenas “um remendo de pano novo em veste velha”[3], desprezando assim cinco séculos de tradição reformada em nome de sua “nova visão”.


Conservadores x Liberais: Duas correntes no movimento

Considerado por muitos como emergente, Mark Driscoll, pastor da Mars Hill Church em Seatle, crê que a igreja emergente tem um lado positivo, que é o de reconhecer a importância da missão dentro da cultura urbana. No entanto, ele mesmo denuncia a ideologia predominante no movimento, que chama de “a ultima versão do liberalismo” [4]. Tendo sido um dos precursores deste modelo de igreja, o pastor diz ter se afastado assim que percebeu que os líderes emergentes estavam entrando por um caminho estranho, e hoje fala abertamente do seu desacordo com Rob Bell e Brian Mclaren, representantes da ala emergente liberal. Mark é talvez o maior divulgador do que poderíamos chamar de lado bom do movimento emergente.

Dan Kimball[5], autor do livro “A Igreja Emergente”, também reconhece que há vozes dissonantes dentro do movimento, e faz distinção entre igrejas emergentes e igrejas que estão emergindo. Seja como for, sua abordagem corrobora a ideia de que existem pelo menos duas facções dentro do movimento. As igrejas emergentes, neste caso, seriam caracterizadas por uma teologia liberal e liderança descentralizada, enquanto as igrejas que estão emergindo (ou emergentes conservadoras), embora nutridas do mesmo desejo de alcançar a geração pós-moderna, são culturalmente liberais, mas possuem uma doutrina ortodoxa, fazendo clara distinção entre evangelho e cultura.

Revendo conceitos

É verdade que existe certa confusão dentro do movimento emergente, mas não podemos negar que algumas das questões levantadas por seus proponentes são realmente importantes: “Que estratégias devem ser usadas para levar o evangelho à geração pós-moderna? A igreja institucional tem sido boa representante de Cristo? Qual o limite entre a contextualização e o sincretismo religioso? Até que ponto devemos mergulhar nas diferentes culturas urbanas para pregar o evangelho?” Estas são perguntas sinceras que merecem uma resposta franca e honesta.

A igreja emergente nasce da nossa falta de preocupação e reflexão missiológica, e apesar da sua ala liberal dominada pressupostos incompatíveis com o evangelho, o movimento possui pontos positivos e tem muito a ensinar-nos. Contudo, precisamos ter muito cuidado para jamais, em nome da forma, comprometer o conteúdo do evangelho. Não podemos exagerar em nosso desejo de ser relevantes culturalmente, pois o evangelho sempre será loucura e escândalo para os incrédulos e ao tentar torná-lo mais atraente, podemos acabar convertendo-o em algo que ele não é.



Notas


1. Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=9HMKRfenuWQ - Acesso em 26/06/2010
2. Ibid.
3. D´ARAUJO, Caio Fábio. Contantino, Lactâncio e o Cristianismo Irreformável. [Artigo]
4. DRISCOLL, Mark. Confissões de um pastor da Reformissão. Niterói: Ed. Tempo de Colheita, p. 23
5. KIMBALL, Dan. A Igreja Emergente, São Paulo: Ed. Vida, 2008


22
comentários

11 julho 2010

Como saber se amo a Deus?


Debati-me com esta pergunta durante todo o fim de semana, e provavelmente ela redundará no meu sermão deste domingo. “Como posso saber se realmente amo a Deus?” Como saber se meu amor não é fingido, hipócrita, fruto da conveniência ou um subproduto da religião?

Será quando faço o que é certo? Sim, talvez uma grande virtude moral possa ser a prova do meu amor por Deus. Contudo, o que dizer daquelas pessoas que fazem as coisas certas por motivos errados? Daqueles que não roubam, matam ou infringem leis porque tem medo de ir parar na prisão? Nem sempre aqueles que fazem o que é certo, o fazem pelas motivações corretas, de onde concluímos que não é fazendo coisas que demonstro que amo a Deus.

Será quando eu guardo os mandamentos? Pode ser. Jesus mesmo disse: “Se me amais, guardareis meus mandamentos”, logo, aquele que guarda os mandamentos pode estar amando a Deus. Porém, não devemos ignorar o fato de que no passado havia criaturas muito religiosas que guardavam muitos mandamentos, mas definitivamente não amavam a Deus, como por exemplo, os fariseus. E o que me impede de crer que mesmo hoje haja estas criaturas, que se camuflam na religião e fazem tudo que é certo, mas somente porque querem ser reconhecidos pelos demais? Por isso, guardar os mandamentos também não pode ser tomado como a “prova dos noves”.

Pode ser que medindo meu amor pelo meu irmão, encontre a resposta. Porém, devo admitir que amar os irmãos não é suficiente, e que é preciso aprender também a amar e a suportar quem é diferente de mim, pois se eu apenas cumprimentos os meus companheiros de fé, serei no máximo um fariseu melhorado.

Talvez se eu ajudar os necessitados. Mas o que dizer dos espíritas, que fazem isso o tempo todo? Será que eles amam a Deus de verdade somente porque entregam cestas básicas e fazem a “campanha do agasalho”? Certamente há algo mais, uma prova distintiva e irrefutável possa encerrar essa questão definitivamente.

Como saber se eu realmente amo a Deus? Voltamos, então, ao início de tudo.

Penso, porém, que a resposta mais cabível é esta: “Quando eu odeio o pecado”. Definitivamente isso pode provar se eu amo ou não a Deus. E não estou falando de não praticar o pecado, mas de odiá-lo mesmo quando casualmente tropecemos nele. Não são de Paulo as palavras “o que eu faço, isso aborreço”, isto é, odeio? Paulo não apenas odiava o pecado nos outros, mas em si mesmo.

Quando eu odeio o pecado, é porque eu odeio desapontar a Deus. É porque eu odeio tudo aquilo que impede a minha plena comunhão com ele. Quando odeio o pecado, descubro minhas verdadeiras motivações, e posso examiná-las, se são sinceras ou não. Qual foi a última vez que você sentiu ódio depois de cometer pecado? Quando foi a última vez que você sentiu ódio por ter levantado a voz para a sua esposa, ou por ter mentido para alguém? Na verdade, são tantas ações odiosas que cometemos que alguns leitores serão levados, em última instancia, a aborrecer (odiar) a própria vida. Porém, não é isso o que o cristianismo é? Aborrecer a sua velha vida com tudo de ruim que ela representa?

Existe ainda a questão: Odiar tanto pode transformar-me em um cristão deprimido?”. Não, obviamente. Odiar o pecado não faz de você um cristão amargado, mas um cristão arrependido. O caso é que se você é realmente salvo, você necessariamente amará as coisas que Deus ama e odiará as coisas que Deus detesta, e entre elas o pecado. E odiar o pecado não te transforma em um cristão sem graça, mas em um crente cheio da Graça de Deus.

No caminho do cristão existem algumas curvas, lombardas e buracos na estrada, nos quais as vezes você pode cair. Sei que isso vai totalmente contra o espírito dos cristãos triunfalistas dessa “nova era”, verdadeiros super-heróis com invejáveis predicados, super-crentes que nunca pecam ou caem. No entanto, se você é um verdadeiro cristão, então você certamente irá cair algum dia, isso porque não somos perfeitos e as vezes perdemos a luta contra o pecado. A diferença é que nunca estamos satisfeitos com este resultado. O crente que cai em pecado não se acomoda nunca. Ele é como o boxeador que ao perder, não se conforma com o resultado pede revanche.

Este é o tipo de pessoa que Deus quer que sejamos. Esse é o tipo de pessoa que ama a Deus!


Caro leitor,


Você realmente odeia o pecado? Em que proporção? A sua resposta a esta pergunta revelará a ti mesmo o tamanho do seu amor por Deus, porque não existe uma terceira via. Ou você ama o pecado, ou você ama a Deus, porque quem ama o pecado odeia ao Senhor.

Neste ponto certamente alguém dirá: “Espere um momento: Eu não odeio a Deus; eu simplesmente amo pecar”. A estes, quero dizer que existe algo ainda pior do que o ódio: a indiferença. Seja frio ou quente, porque ser indiferente é ainda pior do que odiar.
9
comentários

02 julho 2010

Liberalismo e Teologia Relacional: O evangelho dos bebês chorões



Desculpa por destruir o seu patriotismo hipócrita que ressurge a cada quatro anos, mas há algo que nem a copa do mundo consegue disfarçar: O Brasil é o maior depósito de sucata teológica do mundo. Tudo o que não funciona nos países de primeiro mundo é trazido, adaptado e aplicado aqui na república dos bananas.

Uma das mais recentes porcarias importadas para o nosso país se chama Teologia Liberal. Mas, o que é essa tal de “Teologia Liberal”? Bem, trocando miúdos, podemos dizer que teologia liberal é um movimento teológico com raízes no século XVIII, que mescla doutrina bíblica com filosofia e ciências sociais, propondo uma exegese subjetiva e a relativização do texto sagrado.

Há algum tempo atrás, uns pirados começaram a sobrepor-se à autoridade das Escrituras. Um destes caras, chamado Rudolf Bultmann, disse que é impossível interpretar um texto sem pressuposições, então ele passou a interpretar a bíblia à luz das suas crenças pessoais. Como neste mundo heresia se propaga como mato (e o diabo também dá uma mãozinha neste processo), um monte de babões com vontade de aparecer acompanhou o Bultmann na sua loucura, e logo a coisa se espalhou.

Permita-me um parêntesis, pois quero te explicar o quanto a interpretação do senhor Bultmann e dos seus colegas liberais - tanto dos seus antecessores, como dos seus sucessores - é absurda:

Imagine que você um dia escreva um livro, contando uma história que você considera muito importante, e falando acerca das suas crenças. Digamos que eu receba o seu livro, contando a sua história, e comece a interpretá-lo à luz da minha vida, das minhas crenças e da minha história. O que você acharia disso? Já te imagino dizendo: “Ei, espera aí: Não foi isso que eu disse!”, ao que eu ia responder: “Não importa o que você disse, mas o que eu penso que você deveria dizer”. Seria uma loucura!

Feito este parêntesis, volto aos trilhos para dizer que nenhuma interpretação de texto pode ser mais burra e ao mesmo tempo mais arrogante que as ideias dos teólogos liberais. Ora, o seu texto não deve ser interpretado de acordo com as minhas crenças e minhas ideias, e sim de acordo com as crenças e ideias do autor. E não foi no seminário que aprendi isso, mas nas aulas de língua portuguesa e literatura do ensino fundamental. Gente, isso é óbvio demais!

Porém, apareceram no cenário teológico brasileiro uns caras pirados que querem interpretar a bíblia a luz das suas crenças, e que negam (ou na melhor das hipóteses, reinterpretam) o sentido do pecado, da salvação, da vida eterna em Cristo, e alguns chegam a negar a morte vicária (morte pelos pecados) de Jesus, bem como o seu nascimento virginal.

Alguns destes caras, com seus corações dominados por pressupostos mundanos, praticam uma exegese afeminada e começam a chamar Deus de mãe! Segundo eles, a paternidade de Deus é o reflexo de um principio machista que predomina nas culturas antigas, mas agora, os suprassumos da intelectualidade pós moderna, pastores fracassados que abdicaram da teologia bíblica em virtude de seus pecados e que agora ficam posando de filósofos existencialistas quando na verdade sequer conhecem a obra de Sartre ou Kiekgaard, bagunçam ainda mais o coreto evangélico nacional, pregando uma teologia do Deus “maricas”.

Sinceramente, creio que alguns pastores ao invés da “Água Branca”, andam tomando água turva nas fontes seculares do paganismo pós-moderno, e na tentativa de ser relevantes, acabam pagando de palhaços aos olhos de quem tem o mínimo de conhecimento teológico-filosófico e um pouquinho de discernimento. Outro, ao invés de dirigir os pecadores à Casa de Misericórdia (pois este é o significado da palavra “Betesda”), ensina as pessoas a confiarem num Deus fracassado e trapalhão que há muito tempo atrás perdeu as rédeas do Cosmos e agora deposita toda a sua fé em gente miserável e pecadora como nós. Sim, já não é o homem que tem que depositar sua fé em Deus, mas Deus é que tem que acreditar no homem.

Percebeu o grau da loucura destes pastores?

Seus sermões trazem um pouco de tudo, porque eles são bem ecléticos em suas crenças. De um modo inexplicável, estes dois pastores conseguem reunir o que há de pior em cada sistema teológico, bater tudo no liquidificador, acrescentando ao final uma colher de Open Theism, e assim fazem a sua omelete epistemológica.

Mas esta omelete liberal e neoarminiana tem dado indigestão em muita gente, e penso que é tempo de focar nossa munição em denunciar estes bebês chorões, quase sempre deprimidos em seus artigos, que reclamam de tudo, pregam contra a injustiça social e a disparidade dos povos, mas retiram dos crentes o que eles tem de mais precioso: “A crença em um Deus soberano e criador, o qual tem todas as coisas sob controle, que intervém diretamente na história, fazendo com que todas as coisas cooperem para o bem dos que lhe amam, e dos que por seu divino decreto foram chamados”.

Q
uem lê, entenda.
2
comentários

A igreja e o pós-modernismo: Missiologia para os crentes brasileiros




O cristianismo brasileiro, embora sincero em muitas de suas manifestações, é extremamente intolerante com relação à cultura. Grosso modo, vive-se na igreja evangélica brasileira um dualismo acentuado nas relações entre “mundo” e “igreja”, de modo que tudo quanto é secular é tomado pelos crentes como coisa profana.

Quer seja nas roupas dos membros das igrejas pentecostais, quer seja na liturgia e na música dos crentes tradicionais, o fato é que no seu desejo de ser diferente do mundo, a igreja brasileira acabou por confundir exteriorismo com vida devocional interior.

A intolerância cultural pode ser vista por toda parte numa igreja que resiste em se contextualizar (1) para facilitar o acesso das pessoas à Cristo, à igreja e ao reino de Deus. Ela ignora que a contextualização tem um papel pedagógico na proclamação do evangelho, pois torna acessível a mensagem da salvação.

Para reverter este quadro, é preciso enfatizar o caráter encarnacional da missão de Jesus. Para relacionar-se conosco, nosso Salvador foi homem em todo aspecto da vida, exceto no pecado. Ele podia vir ao mundo cercado de anjos e numa carruagem de fogo, mas preferiu vestir-se de carne. Embora fosse Deus no sentido pleno da palavra, Jesus respeitou a nossa cultura e a assumiu, entendendo ser esta a melhor forma de comunicar o evangelho.

A igreja brasileira carece de reflexão cultural. Ela precisa entender que do mesmo modo como nem tudo que tem o selo “evangélico” é santo, também nem tudo que é secular é contrário a nossa fé.

Cristo, aquele que é infinitamente melhor que nós, assumiu a nossa cultura e lhe deu dignidade. E a igreja? Será que ela está disposta a assumir a cultura de modo a parecer-se com o mundo em todo sentido, exceto no pecado?

Como missionário conheço bem o impacto que este texto vai causar no coração de muitos crentes sinceros e devotos, porém habituados a dividir o espaço apenas com seus iguais. Contudo, penso que esta reflexão é indispensável a uma igreja que deseja ser missionária e alcançar os perdidos para Cristo.

Precisamos reinventar nossa liturgia e rever a práxis cristã, fazendo clara distinção entre pecado e cultura, pois a igreja que não encarna na cultura para compartilhar o evangelho, não compreendeu completa e perfeitamente sua missão.

"A igreja que impõe sua cultura aos demais, terá sérias dificuldades em comunicar o evangelho de Cristo em um mundo pós-moderno".



Nota:

1. A palavra contextualização foi usada pela primeira vez por um evangélico no congresso de em Lausanne (1974). Byang Kato, palestrante africano, discursou naquela ocasião sobre a necessidade de contextualizar o cristianismo à cultura africana sem deixar contaminar-se pelo sincretismo.
3
comentários

Como pregar o evangelho com relevância social sem perder o foco




Não, eu não tenho a resposta definitiva para essa questão. Na verdade, estou longe de ter a palavra final neste tipo de diálogo. Mesmo assim, quero iniciar esta discussão, crendo que outras pessoas – algumas muito mais capacitadas que eu – poderão também comentar este ponto, tomando parte neste importante debate.

Vejo em nossos dias certa preocupação em alguns pastores – principalmente a liderança mais jovem – em estabelecer para o futuro uma igreja que entenda e respeite as diferenças culturais, promovendo um intercambio cultural sadio. A preocupação com os temas sociais também aumentou, e o eco de Lausanne ressoa timidamente no Brasil, com três décadas de atraso. Finalmente, visionários começam a enxergar a possibilidade de termos uma igreja que expresse o amor de Deus aos homens de forma plena, prática, integral.

Neste caminho, porém, há certos riscos que precisam ser evitados, para não cair na cilada de, neste afã por ser relevante, acabar assimilando tudo de ruim que o secularismo e o pós-modernismo gerou. Dentre os perigos que encontramos neste emocionante caminho, destaco alguns que são os mais comuns:



O perigo do relativismo

Talvez a maior mentira que a sociedade pós-moderna inventou, seja a idéia errada de que não existem verdades absolutas. Aliás, a própria afirmação de que “não há verdade” é uma contradição óbvia, pois quem afirma que não há verdade está dizendo que “a verdade é que não existe verdade!” Toda verdade é absoluta, e nem adianta torcer o nariz para isso, pois os seus (e os meus) sentimentos em relação à ela não poderão jamais modificá-la.

Quer a gente goste ou não, precisamos admitir uma coisa: O cristianismo é uma religião dogmática. Ele é absolutismo puro, e quem quiser negar isso tem que fazer as malas e partir para outra trincheira!

Jesus foi dogmático quanto ao conhecimento de Deus. “Ninguém conhece o Pai senão o Filho, e aquele a quem o filho quiser revelar” (Mt 11.27). O homem pode espernear, teologizar o quanto quiser, filosofar, mas o conhecimento experimental/empírico de Deus sempre será uma verdade revelada. Tal conhecimento é um ato monérgico, obra da livre graça de Deus.

Jesus foi dogmático quanto ao caminho para chegar a Deus. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6). O uso do artigo definido dá ainda mais peso a esta afirmação.

Muitos têm defendido a idéia de uma expiação universal, dizendo que “Deus vai salvar todo mundo, independente da sua crença”. É incrível como os crentes pós-modernos estão ficando semelhantes aos católicos de antigamente: “não importa o que você crê; o que vale é ser sincero”, dizem. Que mentira mais escrachada! E dita por um cristão, é ainda mais dissonante. Jesus disse que “estreita é a porta e apertado o caminho que conduz à vida” (Mt 7.14), e quem não entrar por ela, por mais “bonzinho” que seja, não pode achar Deus.

Jesus foi dogmático quanto a natureza do pecado. “Todo aquele que comete pecado é escravo do pecado” (Jo 8.34). Para Jesus, o pecado não é um “vacilo”, e sim um vício escravizador! O inclusivismo, nova tendência teológica que apregoa a conivência com o pecado, é invencionice nossa. Todo pecado é contra Deus, e só é perdoado mediante confissão e arrependimento.

Jesus foi dogmático quanto à possibilidade do homem produzir sua própria salvação. “Ninguém pode vir a mim se o pai que me enviou não o trouxer” (Jo 6.44). Essa é uma afirmação absoluta, exclusiva, dogmática. Só Deus pode iniciar em nós a salvação, e qualquer outra fórmula no que tange a este aspecto é conversa fiada.

Não sacrifique as verdades absolutas do cristianismo no altar do relativismo religioso. Defenda com ousadia as verdades do evangelho, mesmo que isso não faça de você um “cara legal”. Não dá pra relativizar uma fé dogmática como o cristianismo. Ou bem aceitamos o que Cristo diz, ou então largamos mão de tudo em nome da “tolerância”.



O perigo do secularismo

Secularismo é uma cosmovisão baseada nos valores humanos. Dentro da religião, o secularismo é aquela influência doutrinal centralizada no homem, que se opõe diretamente aos conceitos estabelecidos por Deus. Segundo o coloquialismo “crente”, secularismo é o mesmo que mundanismo.

As correntes seculares sintetizam o conhecimento humano e baseiam nele todas as suas conclusões; o cristianismo, no entanto, depende da revelação. É fato que muitos cristãos, por medo de “contaminar-se” com as idéias de seu tempo, se afastam de todo conhecimento secular. Filosofia, psicologia, sociologia, todas estas ciências ainda são “coisa do capeta” para muitos evangélicos. Isso é um fanatismo burro! O conhecimento científico é importantíssimo, e de muitas formas podem servir de auxilio ao apologista cristão. Como diz Philip E. Johnson, “a bíblia bem compreendida e a ciência bem explicada, não são excludentes” (ad tempora). Contudo, precisamos ter sempre em mente que o nosso livro texto é a Bíblia. Muitos pregadores têm deixado a bíblia de lado, e hoje “pregam” segundo a cartilha humanista. Em cada mensagem, abordam as principais descobertas da ciência, enchem seus sermões com citações de textos acadêmicos, e acabam olvidando o mais importante, a Palavra de Deus.

Apesar da grande importância das ciências para a humanidade, ninguém vai ser salvo pela filosofia, pela psicologia e – entenda bem – nem pela teologia! A fé vem pela proclamação do evangelho (Rm 10.17). Arrependimento, fé e vida com Deus são pautas muito mais importantes do que qualquer epistemologia humana.



O perigo do liberalismo teológico

Outro grande erro no qual não se pode incorrer, é o de abraçar a teologia liberal. Muita gente ao ler isso vai me criticar, me chamar de quadrado, mas a experiência tem se encarregado de demonstrar que a maioria dos crentes que bajulam os teólogos liberais, não conhecem muito sobre o tema, e apenas repetem como papagaio aquilo que algum dia ouviram destes modernos discípulos dos saduceus.

Em termos práticos, o liberalismo teológico (para quem não o conhece) é uma corrente teológica que, no afã de alcançar relevância social, abriu mão de verdades inegociáveis do cristianismo. A teologia liberal se opõe, quase sempre frontal e preconceituosamente, a toda manifestação sobrenatural. Um dos maiores teólogos liberais que já existiu, Rudolph Bultmann, negou a veracidade dos milagres, interpretando-os apenas como narrativas míticas. Paul Tillich, aclamado por muitos modernistas como o maior teólogo de todos os tempos, dá a Deus uma conotação vaga e impessoal. Jesus, segundo sua cosmogonia liberal, possui apenas valor simbólico.

O mais engraçado, no entanto, é que esses caras foram movidos por um sentimento muito nobre. Assim como muitos jovens de hoje, eles queriam achar uma forma de relacionar a mensagem da Bíblia com as necessidades do homem moderno, mas acabaram se perdendo no caminho. Este liberalismo tem ressurgido em nossos dias, quase sempre embrulhado no pacote “emergente”. Brian McLaren, um dos porta-vozes do movimento de igrejas emergentes, é um exemplo prático do que estamos falando. Sua “Ortodoxia Generosa” é muito mais generosa que ortodoxa. Totalmente influenciado pelas tendências relativistas e pelo conceito pós-moderno de tolerância, este autor – talvez inconscientemente – tem prestado um grande desserviço ao cristianismo.



O perigo do politicismo


É claro que o cristão não deve ser uma criatura alienada. Apesar de termos uma identidade celestial, ainda estamos na terra, e com o nobre dever de ser sal e luz, influenciando e promovendo mudanças neste sistema decadente. A preocupação com temas políticos, bem como o descontentamento com a má distribuição de rendas e a necessidade de reformas sociais deve fazer parte da nossa agenda.

O grande perigo, porém, é que neste bom desejo de prestar um serviço ao mundo, os cristãos acabem cedendo a um romantismo político que não leva a lugar nenhum, abraçando a bandeira de movimentos socialistas e filosofias humanistas, como se a resposta para todos os nossos dramas sociais estivesse em um ajuste político, e nada mais.

Se no capitalismo o que prevalece é o homem explorando o homem, no socialismo é exatamente o contrário. [Se não entendeu a piada, sugiro que releia em voz alta a frase anterior] É verdade que milhares de pessoas vivem na miséria, marginalizadas, famintas, mas não é mediante acordos políticos, nem votando em candidato evangélico, que vamos solucionar esta equação. Ao invés de encher o congresso nacional de políticos crentes, vamos colocar uma mão no bolso e a outra na consciência, a fim de promovermos, nós mesmos, as mudanças que a sociedade precisa. Agindo assim, não teremos que ficar respondendo aos questionamentos dos incrédulos quando os nossos “homens de Deus” aderirem ao mensalão do Panetone, por exemplo.



O perigo do orgulho geracional

Quando eu era adolescente, tinha uma dificuldade enorme em aceitar os conselhos sábios dos meus pais. Apesar de estar consciente de que eles sabiam muito mais que eu, me recusava a crer que os conselhos deles pudessem ser aplicados aos meus problemas. Os tempos mudaram, eu dizia. Assim, suas asserções [por mais inteligentes que parecessem] eram rejeitadas no final.

Hoje em dia, vejo algo semelhante acontecendo com o cristianismo. Os modernos “descobridores da roda” podem ser vistos por todo lado, e como a maioria dos crentes pouco lê a bíblia (e muitos dos que lêem, o fazem com lentes relativistas/pós-modernistas), acabamos sendo presas fáceis destes teólogos de fundo que quintal.

Estes caras não estão muito preocupados com a herança do cristianismo histórico, nem com as interpretações sensatas dos pais da igreja, nem dos nossos irmãos reformadores. Em busca de uma nova espiritualidade, eles desprezam a herança pietista e reformada, e vão aprender a adorar com os santos católicos da idade média!

Adolescentes espirituais não gostam de ler a bíblia. A maioria deles jamais leu o Novo Testamento completo, mas estão absolutamente convictos de que “A Cabana” é o supra-sumo da revelação! Falta-nos bom senso e humildade para aprender com aqueles que no passado trilharam o mesmo caminho, reconhecendo e honrando estes homens e mulheres de fé.



Concluindo...

Atualmente, há muita coisa boa (e ruim!) sendo escrita neste sentido, o que nos dá a entender que há muita preocupação com a relevância da igreja. Comunidades emergentes têm levado este debate à sério, e algumas igrejas estão conseguindo contextualizar o evangelho sem comprometer a mensagem. A Mars Hill Church, comunidade emergente liderada por Mark Driscoll, é um claro exemplo do que estou falando. Cada vez mais me dou conta de que é possível ter uma igreja ao mesmo tempo bíblica e engajada, teológica e dinâmica, de fé e de obras.

Caminhemos, então, com muita calma, sempre fazendo uma autocrítica da nossa fé. A igreja pode (e deve), através de uma empolgada ação social, conferir dignidade àqueles que se encontram na miséria. Além disso, é nosso dever levar o evangelho para além das barreiras culturais, despojando-nos da linguagem do gueto gospel, acessível apenas para os “iniciados”. Podemos usar as artes de forma positiva, como ferramenta pedagógica, evangelística e inclusiva.

Finalmente, quero deixar um conselho aos emergentes brasileiros, principalmente aos jovens – a minha geração: “não rejeitem o velho apenas por ser velho, nem abracem o novo somente por ser novo”. Ambos, antigo e o novo, só têm valor quando se conformam à Verdade. Tenham cuidado com os “inventores da roda”! A busca de vocês é inteligente e nobre; o conceito de uma igreja “emergente” é necessário. Há muitas coisas que precisam ser reformadas, mas se essa nova reforma tomar o rumo errado agora, vai ser muito, mas muito difícil reencontrar os trilhos lá na frente.
 

Copyright © 2010 Pastor Leonardo Gonçalves | Blogger Templates by Splashy Templates | Free PSD Design by Amuki